Site da BBC dá destaque a “país que adora estar triste”. Não é preciso muito para adivinhar qual…

Um país triste, misterioso, carregado de saudade e onde ninguém diz “bom dia”. Esta é a perspetiva do cronista Eric Weiner sobre Portugal, num longo artigo que mereceu destaque no site da BBC

Com o título “O país europeu que ama estar triste”, a crónica publicada na BBC refere que em Portugal ninguém deseja um bom dia a ninguém. Se perguntar a um português ‘como está?’, a resposta mais entusiasmada que poderá receber é um “so so”, ou seja, um ‘mais ou menos’.

Aparentemente, somos um povo contente por ser descontente – por isso, ninguém deve sentir pena dos portugueses.
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Eric não acha que isto seja mau. Pelo contrário. Considera, inclusivamente, que Portugal tem muito para ensinar lá fora, nomeadamente acerca da beleza e da alegria escondidas por detrás da tristeza.

Como é que Eric Weiner conseguiu perceber isto tudo? Passando um bom tempo – não especifica quanto – em Portugal e falando com muitos portugueses (inclusivamente com a fadista Cuca Roseta). Eric é um premiado jornalista norte-americano, autor do bestseller do New York Times “The Geography of Bliss”. Tem uma coluna na BBC Travel chamada “The Places that Change You” e é neste segmento que se insere o artigo sobre Portugal.

Tentar perceber o significado da palavra saudade foi um grande desafio que enfrentou em Portugal. Diziam-lhe que não havia tradução possível, mesmo “antes de procederem à tradução”, brinca. O que é que ele entendeu? Que “a saudade é um anseio, o sofrimento por uma pessoa, lugar ou experiência que uma vez nos trouxe grande prazer. É semelhante à nostalgia mas, ao contrário do que acontece com a nostalgia, é possível sentir saudade por algo que nunca aconteceu e provavelmente nunca vai acontecer”.

Em Lisboa, bebeu um café no Largo de Camões, passou pelo Cais do Sodré e pelo Chiado. Por esses sítios, encontrou uma psicóloga e um inspetor da polícia que o ajudaram a perceber duas coisas. Primeiro, que a saudade nos permite sentir mais e que evitá-la só nos diminui. Segundo, que a pior coisa que se pode fazer a um português triste é tentar animá-lo.

Da mesma forma que Eric Weiner não poderia sair de Portugal sem ouvir fado, também não poderia escrever uma crónica que falasse de saudade sem mencionar o fado. Foi ouvir este estilo lusitano ao Clube de Fado e garante que “ninguém faz música triste como os portugueses”.

Já no Estoril, encontrou-se com a fadista Cuca Roseta que lhe explicou que, neste tipo de música, o fadista se entrega ao público. Percebeu que a melodia desta nova geração do fado se mantém, mas que a letra era ligeiramente mais otimista. Acaba a crónica com uma suposição: “um sinal de que o caso amoroso entre Portugal e a «tristeza alegre» está a diminuir? Espero que não”.

Fonte: visao
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